
Diamante FM
Chuva ainda é pouca, mas reduziu focos de calor no Pantanal

A chuva está voltando com maior intensidade no Pantanal de Mato Grosso do Sul, motivo de comemoração dos pantaneiros e dos ambientalistas, mas não o suficiente para trazer uma tranquilidade quanto à eliminação definitiva dos focos de calor. Mesmo assim, praticamente cessaram os grandes focos, com ocorrência de apenas três nesta terça-
feira, detectados por satélites.
O Corpo de Bombeiros ainda mantém por tempo indeterminado a Operação Hefesto, instalada em maio em Corumbá, mas já reduziu a força-tarefa, que mobilizou mais de 700 homens, 12 aeronaves e 100 viaturas. No dia 24, não foi registrado nenhum foco de calor no município, que liderou o número de incêndios.
Aeronave da corporação monitora diariamente a região, enquanto os Air Tractor (com sistema de lançamento de água) foram desmobilizados.
Os bombeiros debelaram incêndios na Fazenda Caiman, Pantanal de Miranda, com o apoio da brigada local, e vão se deslocar para combate focos no entorno do Parque do Rio Negro, entre Aquidauana e Miranda, região distante de Corumbá e de difícil acesso.
As chuvas não são sinal de recuperação do bioma, como chegou a ser divulgado com base em uma leve tendência de estabilização do Rio Paraguai, cujo assoreamento aflora na grande seca.
“Para encher de volta o rio e ter água nos campos, vai depender do volume de chuvas neste fim de ano nas cabeceiras [em Mato Grosso], onde as previsões não são das melhores”, aponta Luciano Leite, presidente do Sindicato Rural de Corumbá, município com a maior fatia do bioma.
A chegada das chuvas do norte à régua fluviométrica de Ladário (estação referência para as previsões de cheia e seca) ocorre somente entre março e maio.
Portanto, possíveis elevações no nível do rio nessa régua ocasionadas por chuvas localizadas não representam nenhum parâmetro para se desenhar um novo cenário hidrológico para a região.
O Rio Paraguai deve continuar em situação crítica (em menos 20 centímetros) por mais algum tempo.
“A partir da última semana de outubro, as chuvas se distribuirão de maneira mais homogênea sobre toda a área da bacia”, prevê o Sistema de Alerta de Eventos Críticos (Sace) do Ministério de Minas e Energia, que monitora em tempo real o volume de chuvas e os níveis dos principais rios do País.
O último boletim divulgado pelo órgão indica que o Rio Paraguai começa a apresentar uma tendência de estabilização na maioria das estações de controle.
Contudo, em Cáceres, onde o rio neste período do ano passa de um metro em ciclos normais, o valor do nível de água permanece entre os menores já registrados (-52 cm). Na régua de Ladário, o nível (-44 cm) já é o menor da série histórica de dados em 121 anos, tendo subido 3 cm em 48 horas.
O ciclo de seca prolongada se pronuncia desde 2016, quando não houve cheia e vieram os grandes incêndios florestais, aniquilando o ambiente pantaneiro.
Pelas redes sociais, os fazendeiros da região celebraram a chegada da chuva nas sub-regiões da Nhecolândia, Paiaguás, Nabileque e Jacadigo, em média, de 50 milímetros.
Não foi o suficiente para atender ao consumo das propriedades, que estão recorrendo a poços artesianos para abastecer o gado e, indiretamente, a fauna.